As empresas ainda têm um
longo caminho a percorrer para consolidar a mediação como principal meio
de solucionar conflitos com seus consumidores, segundo a diretora
jurídica para América Latina da Ericsson do Brasil, Carolina Azevedo. No entanto, algumas companhias já têm colhido bons frutos de seus investimentos na área.
Ilan Swartzaman,
do departamento jurídico da distribuidora de energia elétrica Light,
afirmou as empresas também pode agir para mudar esse cenário de
desconfiança. Ele destacou o investimento que a empresa vem fazendo na
área desde 2010, quando foi criado um setor com advogados e assistentes
sociais para mediar os conflitos com clientes e a população em geral,
tão logo eles surjam. “Quando passamos a usar a mediação, reduzimos os
litígios pela metade”, afirmou.
O relato foi dado como exemplo em
congresso promovido pelo Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem,
nesta sexta-feira (6/5), na sede Federação das Indústrias do Rio de
Janeiro. No evento, representantes de departamentos jurídicos de grandes
empresas relataram como a cultura do litígio vem sendo substituída pela
do consenso no mundo empresarial.
O desembargador Cesar Cury,
que coordena o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Soluções de
Conflitos do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, destacou que a corte
tem incentivado cada vez mais a conciliação e a mediação. Ele citou os
investimentos feitos nessa área.
De acordo com o desembargador, o
TJ-RJ conta atualmente com 28 centros de mediação e conciliação para
solucionar conflitos — tanto os judicializados como aqueles que ainda
não chegaram à Justiça. O tribunal também tem estimulado a criação de
centros de mediação em comunidades.
Cury citou como exemplo o
recém-instalado centro de mediação na Rocinha, que em um único dia
registrou 400 atendimentos. “E vamos além: estamos firmando convênios
com clubes e entidades, como a OAB e faculdades, por meio do qual
oferecemos a capacitação aos profissionais indicados por essas
entidades, orientamos e estimulamos o exercício da mediação”, destacou.
Regra nova
No Brasil, apesar de a mediação ser estimulada há alguns anos pelo Poder
Judiciário, essa forma e solução de controvérsias entre particulares e
também pelo poder público só foi regulamentada em junho do ano passado,
com a edição da Lei 13.140. A norma, contudo, entrou em vigor apenas no
fim de 2015.
Na avaliação de Carolina Azevedo, a mediação e a
conciliação ganharam espaço justamente por causa da dificuldade do Poder
Judiciário em dar respostas aos conflitos da sociedade em tempo
razoável. No entanto, a maior parte da população ainda vê essa
alternativa com certa descrença.
“Embora as pessoas estejam
convencidas de que a mediação é a melhor saída, ainda há uma
resistência. Muitas vezes, os clientes preferem deixar passar mais tempo
até uma negociação. Espero que nós, como advogados, possamos contribuir
para mudar isso”, destacou a especialista.
Na opinião de Gabriela Assmar,
ouvidora do Icatu Seguros, alguns fatores contribuem para que a
mediação não seja vista como a primeira opção. Uma delas pode decorrer
de tentativas frustradas de diálogos. “Muitos nem tentam um resultado
conosco. Porque tiveram uma experiência ruim com outra empresa, acham
que não vamos querer ajudá-los e partem direito para o litigo”,
explicou.
Segundo Gabriela, a controvérsia também pode acabar no
Judiciário por que a parte acredita que a decisão judicial pode lhe ser
mais vantajosa. “Geralmente é melhor começar [a mediação] no
início do processo porque o conflito não se aprofundou e as pessoas
podem não ter tanto interesse nele. Mas muitas pessoas precisam de um
choque de realidade e um amadurecimento que só vem no decorrer do
processo. Isso porque, às vezes, na fase inicial, as pessoas pensam que
vão ganhar e não fazem o acordo. Mas no decorrer [da ação], as partes começam a pensar em um acordo e pedem a mediação”, ressaltou.
A MEDIAÇÃO SEM DÚVIDAS TEM SE MOSTRADO UM INSTRUMENTO MUITO EFICAZ NO QUE TANGE À SOLUÇÃO DE PROBLEMAS JURÍDICOS PRINCIPALMENTE NO QUE TANGE ÀS RELAÇÕES DE CONSUMO. O NCPC, TAMBEM MOSTRA-SE COMO IMPORTANTE FONTE PARA SE CHEGAR A ESSA VÁLVULA DE ESCAPE QUE TANTO DESAFOGA O JUDICIÁRIO. SO FALTA MESMO AGORA DEMOCRATIZAR UM POUCO MAIS O ACESSO A CURSOS DE FORMAÇÃO DE MEDIADORES PARA QUE UMA PARCELA MAIOR DA CLASSE DE ESTUDANTES DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS SE AFEIÇOEM MAIS A TAL QUESTÃO... BOA MATÉRIA PROFESSOR...
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